John Holmes não é considerado o maior ator da indústria de vídeos pornô – até hoje – só por ter atuado em mais de 3.000 filmes, de ter transado com cerca de 14 mil mulheres (e um número não determinado de gays), de chegar a ganhar US$ 3,000 por dia e, por ter um cacete de 33 cm. Mas também pela vida atribulada que teve. Na frente e fora das câmeras.

Sua infância não foi fácil, pois apanhava sempre do pai alcoólatra. Até que um dia, já adulto, John resolveu revidar e empurrou o pai da escada, e pensando ter matado o velho, fugiu de casa e se alistou no Exército. Passou três anos na Alemanha e quando teve sua dispensa, arrumou vários trabalhos: caixeiro viajante, operário de máquinas de moer café e até motorista de ambulância.

Foi como motorista de ambulância que conheceu sua primeira esposa, a enfermeira Sharon Gebenini. Depois, por dois anos trabalhou num açougue industrial e de tanto ficar no meio de carnes congeladas acabou pegando pneumonia – três vezes.

E graças a uma das vezes que estava se recuperando das suas pneumonias, John estava sem fazer nada e foi a um bar em Gardena – cidade da Grande Los Angeles – e quando foi fazer xixi, um senhor ao lado ficou pasmo ao ver o tamanho do seu instrumento. Não se sabe o nome dele, mas era um produtor de filmes pornô e convidou John para fazer filmes de 8 mm (era fim da Década de 1960 e ainda não existiam câmeras de vídeo portáteis e menos ainda fitas de vídeo, e os negativos de 8 mm, usados em câmeras amadoras pequenas e muito mais baratas que as profissionais de 16 e 35 mm, se prestavam muito bem para as produções pornô de baixíssimos orçamentos).

John Holmes aceitou a oferta do produtor e assim começou sua carreira no ano de 1969. Mas, escondeu o fato da esposa (o que era fácil na época, já que não existia o mercado de VHS e DVD e, como os filmes de 8 mm eram relativamente caros, o maior mercado para os filmes pornô na época eram as cabines de “peep show” nas sex-shops e, em cinemas das grandes cidades, especializados em filmes adultos). Em 19 anos, ou seja, até 1988 ele atuou em 3.000 filmes (excluindo coletâneas). E também foi assistente de diretor e diretor.

Porém, a partir de 1975, graças a três filmes que viraram notícia e bateram recordes de público e renda, “Garganta Profunda”, com Linda Lovelace, “O Diabo na Carne de Mis Jones”, com a quarentona Georgina Spelvin e, “Por Trás da Porta Verde”, com Marilyn Chambers, o gênero pornô, até então considerado produto clandestino, de repente explodiu e começou a se propagar para salas de cinema que só exibiam os chamados filmes sérios. As cabines de peep-show se multiplicaram e até os filmes em 8 mm passaram a ter preços mais acessíveis.

Assim, John não conseguiu esconder por muito tempo da sua primeira mulher onde e como, ganhava até 3 mil dólares por dia de trabalho, pois se tornou uma celebridade e se transformou no grande ator da indústria pornô. Não só devido ao tamanho do seu pau, mas porque sua prolongada ereção não era truque de cinema, como atestavam os presentes e ele mesmo declarou que podia manter o pau duro por quanto tempo quisesse (também disse numa entrevista que numa festa particular – as quais ele sempre era regiamente pago para ir – chegou a gozar oito vezes, num intervalo de nove horas).

Entrou para o Hall da Fama da XRCO (X-Rated Critics Organization) mas, como bem mostrou o filme “Boogie Nights”, no começo  dos anos de 1980, fama, dinheiro e más companhias levaram John a ficar completamente viciado em tudo quanto era droga e segundo disse numa entrevista à revista Hustler, ele chegava a torrar mil dólares por dia com cocaína. Sua carreira entrou em total declínio e já não trabalhava tanto como antes.

Do seu envolvimento com a produtora de filmes Julia St. Vincent, surgiu o documentário “Exhausted” (do qual vários trechos foram recriados no filme “Boogie Nights”). Mas quando se envolveu com uma garota de 15 anos, Dawn Schiller, que tirou da casa dos pais e a levou para morar com ele, Julia St. o largou. Ficou cinco anos com Dawn, mas a relação terminou com ela denunciando-o à polícia, devido aos maus tratos que sofria dele. Ele foi processado por aliciação de menores e de ligação com os crimes de Wonderland, além de 18 processos por uso e posse de drogas. Ficou 111 dias preso por acusação de assassinato e só não pegou prisão perpétua porque no 111º. dia de prisão resolveu colaborar com a polícia, entregando os assassinos do caso Wonderland.

Como foi o caso Wonderland (também mostrado no filme “Boogie Nights” e que serviu de inspiração para o filme “Crimes em Wonderland”, com Val Kilmer):

Em meados de 1981 Holmes se reuniu com uma gangue famosa de traficantes de Los Angeles, Os Wonderland, que moravam na avenida de mesmo nome, e combinaram um roubo a um grande traficante e dono de várias boates, Eddie Nash, o qual era quase amigo de Holmes pois ele sempre estava indo à casa dele comprar drogas.

Como John Holmes tinha muitas dívidas devido ao vício em drogas pesadas, o que o impedia de atuar como antes, especula-se que ele é que teria de fato proposto o roubo, pois como ótimo freguês, visitante assíduo e sendo quase amigo de Eddie, devia saber detalhes sobre seus hábitos de guarda de dinheiro e drogas. Tanto que ele ficou encarregado de ir primeiro à casa de Eddie e deixar uma janela aberta para a gangue de Wonderland entrar e pegar os guarda-costas de surpresa. Holmes exigiu deles que não haveria violência.

O roubo foi feito tal como planejado e sem violência, mas parece que Holmes não conseguiu bancar o inocente perante Eddie e assim, diante de ameaças de matarem seus familiares e amigos, teve que entregar a gangue dos Wonderland e onde moravam. Em 1 de julho de1981Eddie obrigou Holmes a ir com seus capangas, armados com barras de ferro, à casa da avenida Wonderland, e lá mataram quatro pessoas da gangue que estavam na casa. Eddie ainda obrigou Holmes a presenciar tudo, como lição por ele ter ajudado a gangue a assaltá-lo.

Os depoimentos de Holmes e de um motoqueiro da gangue (que ajudou no roubo a Eddie, e era namorado de uma garota assassinada na casa), estranhamente não serviram de nada para a polícia incriminar Eddie, Holmes e os demais participantes. Mas o capitão da polícia de Los Angeles que cuidava do caso, praticamente tinha certezza que Eddie e seus capangas eram os assassinos e que Holmes sabia de tudo, mas como não tinha provas, queria que Holmes testemunhasse contra Eddie, mas ele se negou com medo das ameaças que Eddie fez contra sua família. Para força-lo ao acordo o capitão o prendeu por outras acusações (não é só no Brasil que a policia é arbitrária).

Ao final de 111 dias na prisão ele não aguentou e resolveu colaborar. Foi solto e deixou de ser suspeito de ter ligações com o caso Wonderland.

Somente em 1990, após a morte de Holmes, o crime foi solucionado em razão da sua ex-mulher Sharon dizer a policia que Holmes havia passado na casa dela após o crime e lhe contado tudo.

 

John Holmes tentou deixar o mundo pornô e investiu em produções de filmes convencionais do gênero policial. Mas suas produções e atuações foram muito ruins. Mas ele se destacava entre os atores pornô por ser gentil e educado com as atrizes, antes, durante e depois das filmagens, contrastando com seus 1,85 m. e seu instrumento de trabalho. Que apavorava algumas principiantes do gênero.

Aquela que dormiu com John Holmes

 

Uma delas, a latina Melissa Melendez, temerosa antes de uma cena de sexo anal com Holmes, abusou tanto da xilocaína e de relaxantes musculares, que acabou dormindo durante a filmagem.

Pelo uso de drogas e, dizem, também pelas relações homossexuais, John contraiu AIDS e passou os últimos quatro meses de sua vida indo constantemente a hospitais para tratamento. Quando sua doença se tornou pública houve pânico entre as atrizes que tinham contracenado com ele, porque durante dois anos ele escondeu de todo mundo que estava com AIDS. Mas felizmente nenhuma delas foi contagiada por ele.

Após ter feito mais de três mil filmes, ficar rico, famoso, ter todas as mulheres que desejou (nos estúdios, em festas, e a pedido de muitos maridos e suas esposas), devido ao uso de drogas pesadas, incluindo heroína, John Holmes perdeu toda sua fortuna, acabou contaminado pela AIDS e, teve uma morte precoce aos 43 anos, em 13 de março de 1988.